‘Third world’ SEO: Como é criar estratégias de posicionamento e conteúdo para (e a partir da) América Latina?

Eu detesto o termo “terceiro mundo”, mas quis usá-lo para este artigo porque aquelas que trabalhamos na América Latina, especialmente na área de tecnologia, sabemos que somos feitos de um material especial.

Somos extremamente criativos e resilientes para sobreviver não apenas aos desastres econômicos e políticos que atingem alguns de nossos países, mas também para operar com recursos limitados, competir com colegas que tiveram educação de países do primeiro mundo e alcançar objetivos com um toque de sorriso e o toque latina-style.

Claro, nem tudo é perfeito, e a produtividade – segundo as medições internacionais – é a nossa “pedra no sapato”, mas pelo menos nesta indústria temos muita qualidade.

Embora as estratégias de posicionamento orgânico e SEO possam ser aplicadas em todos os mercados, existem problemas específicos para cada região e idioma. Especialmente na América Latina, enfrentamos o desafio de que a maioria dos países fala espanhol, mas grande parte do mercado não.

E se você trabalha para empresas dos Estados Unidos ou Europa, às vezes você se depara com bloqueios geográficos que são como pedras no sapato para a sua produtividade.

Aqui está uma lista de coisas que enfrentamos na América Latina ao criar estratégias de conteúdo e SEO e como as resolvemos:

1. Bem-vindo ao mundo da língua espanhola da América Latina: Todos nós falamos espanhol, mas não o mesmo

A adaptação e internacionalização para a América Latina é algo delicado. Aqui, dois fatores são muito relevantes: o “acento” e os resultados para cada país de língua espanhola, ou pelo menos para os mercados mais importantes.

O “acento”, as expressões e o significado das palavras. Se uma das grandes tendências do marketing é a personalização, então é preciso começar falando como os nossos usuários falam. Geralmente, há uma grande diferença no espanhol falado na América Latina: o uso do “voseo”.

E dependendo do seu produto, você precisa identificar essas diferenças, que podem ser mínimas e ignoradas, ou tão grandes que podem mudar o significado do seu serviço. Por exemplo, para um supermercado online, é importante saber se dizer “aguacate” ou “palta” (nota da tradução: aguacate é abacate, em português do Brasil).

A “miscigenação” nos resultados de pesquisa. Além da forma de falar, frequentemente encontramos uma mistura de sites da Espanha nos resultados de pesquisa e é comum você ter que competir com versões mexicanas ou colombianas do seu próprio site.

Como resolver isso: adaptar-se a cada país é caro e complexo; ter versões completamente diferentes do seu site também. Eu recomendo isso apenas se você tiver recursos para poder fazê-lo ou se for muito essencial para o seu produto. Caso contrário, priorize o seu mercado mais importante e tente criar um único site com uma linguagem “genérica” para o espanhol latino.

2. Brasil ≠ Portugal

O Brasil é diferente. É um mercado gigantesco ($$$), mas enfrenta o mesmo desafio dos países da América Latina quanto à mistura dos resultados de Portugal nas páginas do Google. Os brasileiros podem até ser mais protetores e ciumentos com o seu português do que os mexicanos são com o nosso espanhol, por exemplo.

Então, a adaptação vale a pena quando bem feita, especialmente se você quiser uma fatia desse mercado.

3. Nossos usuários não leem muito

Embora eu seja uma defensora firme de nunca subestimar o usuário, leitor, cliente ou pessoa com quem você lida na vida, os estudos indicam que na maioria dos países da América Latina lemos pouco.

Os países que mais leem na América Latina são o Chile (5,4 livros por ano) e a Colômbia, com 5 livros por ano por pessoa; no México, a média é de 2,8 livros por ano, segundo o Índice de Leitura Mundial da UNESCO de 2018, citado pela Cultura Colectiva. Para se ter uma ideia, na Espanha, são lidos 10 livros e nos Estados Unidos, 12.

As estratégias de conteúdo de qualidade funcionam na América Latina, mas dependendo do nicho do seu produto, você precisa estender essas estratégias para além do blog.

4. Google não funciona da mesma forma: enquanto eles estão à frente, nós mal começamos

O Google é um produto global e funciona muito bem em nosso idioma. No entanto, não vemos tudo o que um usuário nos Estados Unidos veria. Isso é ao mesmo tempo, uma vantagem e uma desvantagem.

Por um lado, estamos sempre um passo atrás e muitas coisas que chegam para os usuários anglófonos só chegam até nós muito tempo depois. Por outro lado, temos a oportunidade de ver e aprender como as coisas funcionam antes de serem lançadas em nossa região.

5. Você precisa usar VPNs e ser um mestre em resolver captchas

Estou cansada de ter que provar que sou humana (principalmente porque já se sabe que as máquinas também podem resolver captchas e o fazem muito bem).

Às vezes, somos bloqueados por sites que funcionam apenas em determinadas regiões e precisamos usar VPNs para acessá-los, mas isso significa que você tem que constantemente provar sua humanidade.

Trabalhar em estratégias de conteúdo e posicionamento orgânico na América Latina é uma experiência única. Esperamos que cada vez mais empresas da região compreendam o valor dessa indústria e busquem a ajuda das profissionais de Latinas em SEO.

Autora: Carolina Montes

Dedico-me ao marketing digital, com foco em estratégias de crescimento orgânico. Tenho experiência em agências, editorial, gerenciamento de marcas e SEO.

Traduzido por:

Jimena Bautista y Marília Freitas

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